22/05/2012

Dona Dor

Acordo, olho ao redor, tudo parece igual.
Já faz tempo que não sinto que tudo está "normal".
E mesmo assim, algo em mim, ainda insiste,
insiste em acreditar que alguma esperança existe,
e que essa esperança é o que me mantém triste.
E como um suéter velho, que com o tempo, desfia sua lã,
eu me desgasto em pensar que ainda existe o amanhã.
O amanhã, ao contrário da minha vida, é uma vela acesa,
hoje "existe", amanhã é só mais uma incerteza.
Estamos tão acostumados a ver o amanhã chegar.
Eu sou o único que deseja não ver o amanhã clarear?
Sou o único, que aos olhos dos outros, vive na escuridão?

Sub-julgado por simplesmente não seguir nenhum padrão?
Só eu me sinto como se ocupasse um lugar a mais no mundo?
Somente o fato de eu não ser igual aos outros, me torna imundo.
Já não há espaço para mais nenhuma de suas irmãs, Dona Dor!!
Meu convívio com você, já foi o bastante pra desacreditar do amor,
desacreditar de uma vida totalmente padronizada, cercada de falsidades e mentiras.
No fundo, bem no fundo eu te agradeço, com toda ironia.
Mas peço-lhe que parta, que vá para bem longe,
aprenda a viver só, isolada, igual a um monge.
Aguentei você por muito tempo, não foi o bastante?
Hoje só encontro conforto e consolo, quando estas distante.
E quando menos imagino, lá vem você de novo, me deixando no tédio.
Olho no relógio, já se passaram 4 horas - Cadê meu remédio?
Quando já não respondo por minhas palavras, ouço você gritar,
mas me confundo com as vozes que ecoam em minha cabeça, dizendo para me suicidar.
É somente a razão, expondo todo o sofrimento por via da consciência.
Só me pergunto agora: "De onde vem tanta paciência?!"
Fecho os olhos e me deito, e lá vem ela, mais uma vez,
me trazendo a confortante sensação de lucides.
Por favor, me tire daqui! Acabe logo com tanta idiotice!
Prometo não chorar, só não me deixe morrer de velhice!
Caso meu pedido não seja atendido, farei com minhas mãos!!
Veremos então, qual amanhã chegará pra mim, se já não mais bater, o meu coração.

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