31/05/2012

Um passo a cada dia

Sabes sorrir? Pode me ensinar?
Acho que desaprendi, quando passei a tudo e todos, odiar.
Nos escondemos atrás de falsas aparências.
Reprimimos nosso ódio por pura displicência.
Em pequenas coisas, já não encontro alegria,
sinto como se eu voltasse um passo a cada dia.
É como se o dia passasse e eu flutuasse,
em meio a sentimentos obscuro, o mundo girasse,
mas eu, eu nada faço...
Simplesmente espero até poder dar outro passo.
Então quando penso que estou preparado, fracasso.
Não acho conforto em mais nenhum abraço.
Eu tento fazer, faço errado, então refaço.
Dá tudo errado, agora sim, desfaço!
Sou a presa pega, ferida aos pedaços.
Sou caçado todos os dias, mas nunca caço.
Não sigo o tracejo, nem faço os traços.
E se eu seguisse, seguiria descalço...

Lembro bem dos tempos em que sorria,
hoje retrato meu ódio, em péssimas analogias.
Enfim, não há tempo que volte e de o meu passo a cada dia.



22/05/2012

Dona Dor

Acordo, olho ao redor, tudo parece igual.
Já faz tempo que não sinto que tudo está "normal".
E mesmo assim, algo em mim, ainda insiste,
insiste em acreditar que alguma esperança existe,
e que essa esperança é o que me mantém triste.
E como um suéter velho, que com o tempo, desfia sua lã,
eu me desgasto em pensar que ainda existe o amanhã.
O amanhã, ao contrário da minha vida, é uma vela acesa,
hoje "existe", amanhã é só mais uma incerteza.
Estamos tão acostumados a ver o amanhã chegar.
Eu sou o único que deseja não ver o amanhã clarear?
Sou o único, que aos olhos dos outros, vive na escuridão?

Sub-julgado por simplesmente não seguir nenhum padrão?
Só eu me sinto como se ocupasse um lugar a mais no mundo?
Somente o fato de eu não ser igual aos outros, me torna imundo.
Já não há espaço para mais nenhuma de suas irmãs, Dona Dor!!
Meu convívio com você, já foi o bastante pra desacreditar do amor,
desacreditar de uma vida totalmente padronizada, cercada de falsidades e mentiras.
No fundo, bem no fundo eu te agradeço, com toda ironia.
Mas peço-lhe que parta, que vá para bem longe,
aprenda a viver só, isolada, igual a um monge.
Aguentei você por muito tempo, não foi o bastante?
Hoje só encontro conforto e consolo, quando estas distante.
E quando menos imagino, lá vem você de novo, me deixando no tédio.
Olho no relógio, já se passaram 4 horas - Cadê meu remédio?
Quando já não respondo por minhas palavras, ouço você gritar,
mas me confundo com as vozes que ecoam em minha cabeça, dizendo para me suicidar.
É somente a razão, expondo todo o sofrimento por via da consciência.
Só me pergunto agora: "De onde vem tanta paciência?!"
Fecho os olhos e me deito, e lá vem ela, mais uma vez,
me trazendo a confortante sensação de lucides.
Por favor, me tire daqui! Acabe logo com tanta idiotice!
Prometo não chorar, só não me deixe morrer de velhice!
Caso meu pedido não seja atendido, farei com minhas mãos!!
Veremos então, qual amanhã chegará pra mim, se já não mais bater, o meu coração.

06/05/2012

Inspeção Sentimental

Esqueça de tudo que foi dito, vivido e prometido.
Sem esperança, vivo no contrastante ódio, do "amor" que foi sentido.
Amor esse, que foi dito ser um fogo, que arde sem ver.
Porém, se é fogo, em quem botamos a culpa, por acender?
Por que temos sempre que achar algo ou alguém para culpar?
Ou nos culpamos por tudo, sem nem mesmo nos perdoar?
Buscamos respostas para perguntas que criamos.
Vivemos buscando alcançar. Morremos, e nada alcançamos.
E se alcançarmos, não teremos histórias sobre aquilo que buscamos.
Planejar... Planejar é muito mais do que simples planos.
Planejar, é almejar o que jamais almejamos,
é vivenciar o que jamais vivenciamos,
ter o que jamais teríamos,
querer o que jamais queríamos,
ser o que jamais fomos.

Nesse mundo, nos consideramos seres inteligentes, civilizados.

Inventamos a escrita, criamos teorias sobre nós mesmos,
nos matamos por coisas do passado.

O universo é tão imenso, que torna nossa existência, insignificante.

NADA do que fizessemos, alteraria o tempo.
O tempo, ele não para. É uma constante!
Diferente das fotografias da minha estante.
Congeladas, um momento GRAVADO!
Isso sim, faz o ser humano ser horando!
Honrado por algo, por evoluir. Avante!!!
Por ser algo que ele jamais imaginaria ser, por um instante!

Desenhamos momentos em nossas mentes,

na esperança de que algum dia, o desenho se movimente!
Esperamos que um dia ele se torne presente!



O trem

Silêncio, apenas ouço o vento.
A janela entreaberta diz, por entrelinhas, que preciso estar atento.
O dia escurece, o brilho das estrelinhas, se tornam um tormento!
E enquanto ela falava, sua doce voz me acalmava. Eu pensava:
"Por quê? Já vi os dois lado desse jogo. Tudo novamente?"
Não sei bem ao certo, mas acredito que eu senti o que um cego sente.
Desorientado, preocupado, necessitado e dependente.

Daí então, me pergunto: 
Viver isso tudo novamente? Passar por tudo aquilo. Ora! Vamos mudar de assunto!!
Ela toma conta do meu corpo, já não ajo por conta própria.
Abuso deles, novamente, nada melhor do que uma noite, insóbria.
O trem das dores para na minha estação. O trem movido a vapor!
O trem das dores para na minha estação, pra me dar, mais essa dor.

Caricias, abraços, beijos e "amassos". 
Tudo vem à tona, e me deixa aos pedaços.
Me lembrando o quão importante é, manter estes laços.

Só queria poder contar com uma boa e velha, amizade.
Pra dizer a ela, que o trem, vai deixar a cidade.
É melhor ela se apressar, e deixar a cidade das dores.
Antes que seu mundo colorido, se perca em minha falta de cores.

O trem, partira ao meio dia,
a hora em que o pássaro já não assobia.
Pois está cansado, cansado de assobiar pra ela,
em notas escondidas nesta melodia de assobio, ele diz o quanto gosta dela.