Obrigado por ler ao menos esta frase.
Seja meu amigo pelo menos por este momento e finja que estamos conversando, imagine que estamos em um lugar que você goste de estar e apenas ouça esse desabafo. Minta, finja se importar e apenas balance a cabeça fingindo compreender.
"Devo ter algum grave problema de memória, eu esqueço do quanto isso dói, aliás, fere.
Me surpreende como me rendo a esses pensamentos tão facilmente. É como se eu esperasse que isso acontecesse, só pra me machucar.
Eu a vi, não sei se ela me viu da mesma forma. Pouco falei, foram algumas quadras apenas.
Eu mais a ouvi do que falei, era como um delírio, enquanto ela falava, eu lia seus lábios, eu não conseguia me contentar em apenas ouvi-la. Eu tinha que decifrar o que toda aquela perfeição escondia.
Ela parecia tão simples, foi tão gentil, tão simpática.
Ninguém nunca se aproxima de mim da forma que ela se aproximou.
Normalmente, eu não consigo olhar garotas daquele tipo nos olhos, más ela tinha um tipo único, só dela. Eu olhava e me perdia, cada vez que olhava me perdia.
Eram lapsos que alternavam entre o real e o irreal, e cada vez que eu voltava a realidade, tinha que me lembrar de não olha-la nos olhos, caso contrário, eu cairia no mesmo feitiço vezes por vezes repetidamente.
Andamos cerca de 1 km juntos, ela falou sobre os planos dela, um pouco do passado (talvez ela o evitasse da mesma forma que eu costumo evitar).
O que mais me tortura é que quanto mais eu redesenho aquele momento, mais ele se apaga.
É como se algo em minha mente fizesse isto de propósito, como um mecanismo de defesa.
Isso me faz pensar no quanto somos auto destrutivos, é inevitável deixar de sentir, independente do que se sinta. Ninguém sente "nada", todos sentem algo. Sentimos o que mais nos mal trata, procurando razões nesses sentimentos que nos façam sentir que vale a pena ser mal tratado.
É incrível como sempre que eu escrevo algo, eu volto alguns meses depois e releio tudo que escrevi e me vejo como um boboca iludido, mas o mais impressionante é o que eu sinto à priori. Sinto-me que tudo se encaixa, e que mesmo tendo a certeza de que ela jamais lerá, que jamais no veremos outra vez, tenho que tirar isso de mim.
Eu não consigo aceitar que eu apenas disse tchau. Eu disse pra você, é um sistema de auto defesa que meu cérebro desenvolveu, ele age de forma instantânea.
O barulho caótico da cidade me impediu de escuta-la ao pronunciar o nome dela quando eu a perguntei. Ela anotou meu nome, disse que me procuraria.
Eu faço isso sem perceber, eu juro! Simplesmente me ponho à mercê das pessoas, dando-lhes o controle total do que devo sentir ou não.
Agora fica essa angústia de me tirar o sono, dia e noite com ela na cabeça, hora a desejando, hora tenta esquece-la.
Ela é mais velha e mais matura que eu, isso faz de mim um iludido?"
Obrigado, amigo.