23/10/2012

Reflexão do chuvisco.

É quando fecha o clima, dia chuvoso,
que eu confirmo a certeza do duvidoso.


Supomos ser impossível, ao menos eu suponho.
Impossível mesmo, é alcançar esse sonho.


Sinto que cheguei atrasado nessa "festa".
Sinto que além do ódio, nada mais nos resta.


Eu sinto, pressinto ela vindo.
De cabeça baixa, pressuponho que esteja sorrindo,
mas então ela me encara nos olhos e diz:
"É assim que você pretende ser 'feliz'?"


Atingi o auge do conhecimento do nada.
E por insegurança ou medo, eu a mantenho afastada.
Ela é tão delicada, só tenho medo de que ela acabe machucada.
Mas já percebo em seu tom de voz, o quanto está cansada.

Eu sou tão do avesso, tão errado!
Seria mais simples se eu fosse mais complicado.

As vezes, de tanto acertarmos acidentalmente,
acabamos errando propositalmente.

O que nos torna seres conscientes? 
Apenas o fato de sermos cientes?
Cientes de que somos "inteligentes"?
Mal enxergamos o que cega a gente...

Eu tento ser como o vento, mas lento, juro que tento.
Mas sempre acabo sendo uma brisa de sentimentos.

O que nos separa são apenas ideologias distintas,
credos, ideais, objetivos e cores de um mundo sem tintas, cinza.

Sou tão complicado, tão esquisito.
Talvez, as vezes, eu mesmo me irrito.

Ouço o som de cada gota de chuva na calçada.
Tão estrondosos em meus ouvidos, não ouço mais nada.

Preferia estar ouvindo você reclamando,
dizendo meus defeitos, meus erros, e eu te ignorando.

Certas vezes nem eu sei o que eu quero.
Só fico parado à espera de algo que sempre espero.

Só que, esse "algo" nunca chega, nem pra me visitar.
Se ao menos eu pudesse, soubesse onde encontrar...

Não sei pra qual lado devo seguir,
na realidade, não sei pra que continuar, se vou desistir.

Todos desistimos, ou desistiremos um dia.
Sendo fortes ou não, somos o que ninguém jamais seria.

Somos únicos, por razões diferentes.
Somos diferentes unicamente por sermos gente.


A chuva acabou, mas ainda ouço trovões a trovejar,

é como se eu sentisse a energia estática do ar.
E que isso me avisasse que as coisas estão prestes a mudar.
Mudanças ocorrerão para o bem de todos os que sabem chorar.


Chorar sem fraquejar, chorar por precisar.
Quem nunca chorou, por dor ou por amar?

Quem nunca sentiu falta do que achou que tinha?
Quem nunca quis poder chamar a outra pessoa de "MINHA!"?

A chuva não me molha, eu não existo.
Cada gota me perfura como uma faca, eu resisto!

Resisto firmemente, por aqueles que prezam por mim!
Mas é inevitável, todos sabiam que iria acabar assim,

Eu sem você, você sem eu, nós sem nós.
Ah, quem dera, por um minuto ficássemos às sós.

Poderia gritar o quanto preciso de você,

já que só você ouviria, ninguém mais confundiria.
E certeza teria, de que nesse dia, enquanto sorria,
eu dizia, em tom de ironia: "Vai entender!?"

E mesmo que chova, eu correrei esse risco!
Quem sabe no final, a chuva, na verdade era um chuvisco...




12/10/2012

"Simples cidade" (Simplicidade)

Sabe, é tão engraçado,
lembro de mim e meu primo,
brincando com brinquedos quebrados.

Falando em línguas codificadas,
traduzidas pela magia da imaginação,
que ainda não fora danificada.

A simplicidade, era facilmente encontrada.
Com um pedaço de madeira
nos tínhamos a mais afiada espada!

Enfrentávamos monstros e dragões,
não havia batalha perdida
em nossas brilhantes imaginações!

Era simples, bom e verdadeiro!
Hoje, nunca é simples, sempre é ruim
e sempre precisa-se de dinheiro!

Graças ao poder da imaginação,
um simples marimbondo
se transformava em um apavorante dragão!

Se frequentávamos clubes pagos?
Claro que não!
Em dias de calor, aquela humilde piscina era um lago!

Não, não tínhamos "área de lazer".
"Uma madeira e uma corda".
-Tio, queremos uma balança, pode fazer?

Sim, claro que era arriscado!!
Mas valeu a pena cada arranhão,
cada "roxo", "galo" e machucado!

Se eu me preocupo com cicatrizes?
HAHAHA, por que deveria?!
Elas são a prova do quanto fomos felizes!

E mesmo nas brincadeiras mais arriscadas,
pega-pega na traseira de uma "Kombi",
me rendeu uma panturrilha costurada!


Ah! A tecnologia?
Claro que abusávamos,
castelo rá-tím-bum todos os dias!

Videogames, possuíamos poucos jogos.
Mas a diferença era simples,
não sentíamos necessidade de jogos novos!

Mega-drive e master-system, puro luxo!
Um jogo na memória era o suficiente!
Não tínhamos dinheiro para novos cartuchos!

Mas ela não tem piedade, nem com a infância!
Sabe de quem eu falo?
Isso, falo sobre a impiedosa distância!

Separa amizades e companheirismo.
Separa até mesmo o mágico da mágica,
ou o próprio ilusionista do ilusionismo!

Se um dia esses tempos voltarão?
Sinceramente, nossas mentes se ocupam com coisas em vão.
Então, provavelmente, não.

Claro que brigávamos, quem não se irrita?!
Não deixávamos de discutir,
nem mesmo nas raras visitas!

Mas amadurecemos juntos, grudados!
Aprendemos no mesmo tempo,
a crescer como homens, mesmo tão afastados.

E daí?! Quem liga pra geografia?
A distância é como uma vela,
que só acende quando o pavio esfria!

Aqui vou eu e minhas ridículas analogias.
Comparações e metáforas
que fazem valer o meu dia.

Lembranças vagas, mas não esquecidas!
Espero que um dia,
elas retornem em forma de vida.

Lucas Amaral